Você já sentiu que o Prolopa demorou para “pegar” ou pareceu não funcionar?
Isso não é raro em quem tem Parkinson. E a causa pode estar no intestino — e não no cérebro.
Neste post, você vai entender:
- Por que a levodopa pode falhar mesmo sendo o “melhor” remédio
- Como o intestino interfere na absorção
- O que fazer para melhorar o efeito do tratamento
O caminho difícil da levodopa até o cérebro
A levodopa é o principal remédio usado no Parkinson. Mas ela precisa passar por vários obstáculos até fazer efeito:
- Precisa ser engolida com sucesso (sem ficar presa na garganta).
- Tem que chegar rápido ao intestino delgado.
- Precisa ser absorvida corretamente e não ser destruída por bactérias ou enzimas antes de chegar ao cérebro.
Se algo nesse caminho falhar, o resultado é o que chamamos de:
- “delayed on” – quando o remédio demora muito para fazer efeito
- “no on” – quando simplesmente não funciona naquela dose
Principais inimigos da levodopa
Vamos ver os vilões mais comuns que atrapalham a absorção da levodopa:
1. Constipação
O intestino preso retarda o transporte da levodopa, e ela pode ser destruída antes de ser absorvida.
Dica: hidratação, fibras e uso de laxativos podem ajudar!
2. Vazio gástrico lento (gastroparesia)
O estômago demora a empurrar o remédio para o intestino. Isso atrapalha o início do efeito da levodopa.
Pode ser causado pela própria doença ou até por medicamentos usados junto.
3. Infecção por Helicobacter pylori
Essa bactéria do estômago piora a absorção do remédio. Alguns estudos mostraram que, após o tratamento dessa infecção, os pacientes passaram a responder melhor à levodopa.
4. Proteína em excesso na alimentação
Carnes, queijos, ovos e outros alimentos ricos em proteína competem com a levodopa nos mesmos canais de absorção.
Evite comer proteína nas refeições próximas ao uso da medicação.
5. Bactérias intestinais “ladras de levodopa”
Algumas bactérias do intestino conseguem transformar levodopa em dopamina antes da absorção.
Resultado: menos remédio chega ao cérebro.
O que pode ajudar?
Dicas práticas para melhorar a ação do remédio:
- Tome a levodopa em jejum, de preferência 30 a 60 minutos antes de comer.
- Evite proteína nas refeições próximas à medicação.
- Trate a constipação de forma ativa.
- Se tiver sintomas como queimação, arrotos ou estufamento, converse com seu médico sobre testar a presença de H. pylori.
- Avalie com o neurologista a possibilidade de usar:
- Levodopa dispersível
- Rotigotina em adesivo
- Apomorfina subcutânea
- Infusão intestinal (DuoDopa)
Em resumo:
- A levodopa é eficaz, mas pode falhar se o intestino não estiver funcionando bem.
- Constipação, dieta e até bactérias podem atrapalhar o efeito do remédio.
- Com mudanças simples e orientações do neurologista, é possível recuperar o controle dos sintomas.
Referência:
Leta V, Klingelhoefer L, Longardner K, et al. Gastrointestinal barriers to levodopa transport and absorption in Parkinson’s disease. Eur J Neurol. 2023;30:1465–1480. doi:10.1111/ene.15734