18 de setembro de 2025

Programação Guiada por Imagem no DBS: menos tempo, mais benefício no Parkinson

A estimulação cerebral profunda (DBS) é uma das principais terapias para sintomas motores da Doença de Parkinson em estágios avançados. Mas um ponto crítico após a cirurgia é a programação do dispositivo, ou seja, ajustar os parâmetros de estimulação para cada paciente. Esse processo pode ser demorado, complexo e exigir várias consultas até chegar ao ajuste ideal.

Um estudo publicado em 2025 no Movement Disorders Clinical Practice trouxe novidades importantes: o uso da programação guiada por imagem (Image-Guided Programming, IGP).

O que é a programação guiada por imagem?

A técnica utiliza imagens do próprio paciente (ressonância pré-operatória e tomografia pós-operatória) para criar um modelo tridimensional do cérebro e da posição dos eletrodos. Assim, o médico consegue visualizar o campo de estimulação e direcionar a corrente para a área alvo (núcleo subtalâmico ou globo pálido interno), evitando regiões que poderiam causar efeitos colaterais.

Principais achados do estudo

  • Tempo menor de programação: em média 39 minutos, sendo que 55% dos pacientes tiveram o ajuste inicial concluído em menos de 30 minutos — contra 90–240 minutos do método tradicional.
  • Estabilidade dos parâmetros: em até 1 ano, quase metade dos pacientes manteve os mesmos contatos e distribuição de corrente escolhidos na ativação inicial.
  • Melhora sustentada dos sintomas motores: redução de 55% no escore motor (MDS-UPDRS III) em 6 meses e 45% em 1 ano, mesmo com ajustes mínimos ao longo do tempo.
  • Alta satisfação: mais de 98% dos pacientes e médicos relataram melhora clínica significativa mantida após 1 ano.

Por que isso importa?

Tradicionalmente, a programação de DBS exige longas sessões de “tentativa e erro”. A IGP traz algumas vantagens:

  • Mais precisão: combina imagem e modelo computacional para orientar os parâmetros.
  • Menos tempo no consultório: encurta o processo de ajuste inicial.
  • Resultados mais estáveis: menos necessidade de mudanças frequentes.
  • Maior acessibilidade: pode ajudar neurologistas com menos experiência em DBS a atingir bons resultados mais rápido.

Conclusão

A programação guiada por imagem representa um avanço real no cuidado com pacientes de Parkinson submetidos ao DBS. Ela mostra que é possível unir tecnologia, precisão e praticidade, garantindo benefícios duradouros e menos desgaste para pacientes e equipes médicas.

Referência:

Aldred JL, Zesiewicz T, Okun MS, Ramirez-Zamora A, et al. Sustained Therapeutic Benefits Using Image-Guided Programming at Activation of Deep Brain Stimulation for Parkinson’s Disease. Mov Disord Clin Pract. 2025; doi:10.1002/mdc3.70154.