O que é a programação guiada por imagem?
É uma forma mais moderna e precisa de ajustar os parâmetros do DBS. Em vez de fazer testes manuais demorados, os médicos usam um software com as imagens do cérebro do próprio paciente, simulando onde o estímulo elétrico está atuando — e ajustando para atingir o ponto certo.
Por que isso é importante?
Mesmo com o eletrodo bem colocado, se a estimulação não estiver no lugar ideal, o paciente pode:
- Continuar com lentidão ou rigidez;
- Sentir efeitos colaterais como fala arrastada ou desequilíbrio;
- Precisar de mais remédios do que o esperado;
- Sentir que “não valeu a pena” fazer a cirurgia.
A programação tradicional é feita com tentativa e erro. A guiada por imagem acelera esse processo e aumenta a chance de encontrar o melhor ponto de estímulo.
O que mostrou o estudo?
Dois estudos recentes analisaram pacientes com Parkinson que fizeram DBS, mas continuavam com sintomas mesmo após várias tentativas de ajuste.
Após reprogramar usando imagens cerebrais:
- Mais de 80% melhoraram nos movimentos e na qualidade de vida;
- A pontuação dos sintomas motores caiu cerca de 22%;
- Um terço dos pacientes reduziu ou parou a levodopa;
- A melhora foi mantida por pelo menos 3 meses;
- Os ganhos foram mais claros em fala, marcha e lentidão dos movimentos.
Esses resultados mostram que a programação guiada por imagem pode recuperar os benefícios da cirurgia mesmo em quem estava insatisfeitoprogramação guiada.

Rolland A-S et al.
The Use of Image Guided Programming to Improve Deep Brain Stimulation Workflows with Directional Leads in Parkinson’s Disease*. Journal of Parkinson’s Disease. 2024;14:111–119. doi:10.3233/JPD-225126programação guiada1
Ela ilustra como o software consegue mostrar, em imagens tridimensionais, o volume de tecido ativado e sua relação com regiões importantes do cérebro como o núcleo subtalâmico (STN), substância negra (SN) e núcleo vermelho (RN).

Figura ilustrativa: antes e depois da reprogramação do DBS usando imagem 3D do cérebro
A imagem mostra o exemplo de um paciente com sintomas persistentes após a cirurgia de DBS. No painel superior, vemos a estimulação inicial: o campo elétrico (em vermelho) está fora do alvo ideal no lado esquerdo. Já no painel inferior, com a nova programação guiada por imagem, o estímulo foi redirecionado para cobrir com mais precisão a área do cérebro responsável pelos sintomas motores — a parte dorsolateral do núcleo subtalâmico (STN).
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Fonte da imagem: Torres V, Del Giudice K, Roldán P, et al. Image-guided programming deep brain stimulation improves clinical outcomes in patients with Parkinson’s disease. npj Parkinson’s Disease. 2024;10(29). doi:10.1038/s41531-024-00639-9. Figura 1. Licença Creative Commons CC BY 4.0.
Quem pode se beneficiar?
Essa tecnologia pode ajudar especialmente quem:
- Já fez DBS, mas ainda sente muitos sintomas;
- Precisa de doses altas de remédio mesmo após a cirurgia;
- Teve melhora parcial e sente que “ainda não está bom”;
- Tem efeitos colaterais com o ajuste atual do aparelho.
E o que muda na prática?
O neurologista usa imagens 3D do seu cérebro para ver onde o estímulo está atuando e redirecionar com mais precisão, sem precisar trocar o eletrodo. O processo é feito com segurança, de forma não invasiva, apenas ajustando a programação.
Conclusão
A programação guiada por imagem é um avanço importante para quem já fez DBS, mas ainda sofre com sintomas ou efeitos colaterais. Pode ser a diferença entre “quase bom” e “muito melhor”.
Se você ou um familiar fez DBS e não teve o resultado esperado, vale conversar com o neurologista sobre essa opção.
Referências científicas
- Torres V, Del Giudice K, Roldán P, et al. Image-guided programming deep brain stimulation improves clinical outcomes in patients with Parkinson’s disease. NPJ Parkinson’s Disease. 2024;10(29). https://doi.org/10.1038/s41531-024-00639-9:contentReference[oaicite:1]{index=1}
- Sánchez-Gómez A, Compta Y, Cámara A, et al. Image-guided programming using GUIDE™ XT improves suboptimal outcomes in Parkinson’s disease patients with STN-DBS: A prospective study. Presented at: MDS International Congress 2023, Copenhagen. Abstract P85.