Você já ouviu falar que o Parkinson é uma doença que afeta os movimentos, certo? Mas… o que será que realmente acontece no cérebro para causar isso?
Um estudo recente trouxe respostas incríveis — e mais do que isso: abriu caminho para melhorar o tratamento.
O cérebro conversa… mas às vezes, conversa errado!
Nosso cérebro funciona através de sinais elétricos, como se fossem ondas que passam de uma região para outra, ajudando o corpo a se mexer, falar e até respirar.
No Parkinson, um tipo específico de onda, chamada de “atividade beta”, começa a aparecer de forma exagerada. E quando isso acontece, os movimentos ficam mais lentos e difíceis.
Essas ondas não são contínuas. Elas surgem em pequenos “estouros” rápidos, que os cientistas chamam de “beta bursts” — em português, “estouros beta”.
A grande descoberta: onde começa o problema?
O estudo mostrou que:
Esses estouros começam no córtex motor — que é a parte do cérebro que comanda nossos movimentos.
Poucos milésimos de segundo depois, esse sinal segue para uma região mais profunda do cérebro, chamada núcleo subtalâmico (STN).
Quando esses dois lugares ficam “conversando errado”, o movimento não acontece como deveria. É aí que surge a bradicinesia, que é a lentidão para andar, mexer as mãos, falar, entre outros.
Mais estouros, mais lentidão.
Os pesquisadores descobriram que:
Quanto mais aparecem esses estouros no cérebro, e quanto mais tempo eles duram, mais difícil é se mexer.
E mais: quando o córtex (a parte mais externa do cérebro) gera muitos desses sinais ruins, o movimento piora ainda mais.
Curiosamente, alguns estouros rápidos no núcleo subtalâmico podem até ser positivos — ajudam o cérebro a se organizar e a melhorar o movimento.
Por que isso muda tudo?
Essa descoberta é muito importante porque mostra que:
O problema do Parkinson não está em uma parte isolada do cérebro, mas na má comunicação entre regiões que controlam o movimento.
Isso abre portas para tratamentos mais inteligentes, como:
Estimulação cerebral mais moderna e personalizada, que liga e desliga de acordo com esses sinais ruins.
Terapias não invasivas no futuro, talvez atuando no próprio córtex para interromper esses estouros ruins antes que eles causem os travamentos.
Resumindo em uma frase:
O Parkinson acontece, em parte, porque o cérebro dispara sinais errados, que bagunçam a comunicação entre as áreas que controlam o movimento — e isso deixa a pessoa mais lenta, mais rígida e com dificuldade para se mexer.
Referência:
Yao P, Sharma A, Abdi-Sargezeh B, et al. Beta Burst Characteristics and Coupling within the Sensorimotor Cortical‐Subthalamic Nucleus Circuit Dynamically Relate to Bradykinesia in Parkinson’s Disease. Movement Disorders. 2025;40(5):962–968. DOI: 10.1002/mds.30163【18】.