26 de setembro de 2025

O Futuro da Cirurgia de Parkinson: Como a Ressonância Pode Prever os Resultados da Estimulação Cerebral Profunda (DBS)

Introdução

A cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS) já é bem conhecida por ajudar pessoas com Parkinson a controlar os sintomas motores quando os remédios não funcionam tão bem. Mas até hoje existe uma grande dúvida: por que alguns pacientes conseguem reduzir bastante a medicação depois da cirurgia, enquanto outros precisam continuar quase com a mesma dose?

Um estudo recente traz uma pista importante — e pode mudar a forma como médicos planejam essa cirurgia no futuro.

O que os pesquisadores descobriram

Pesquisadores da Universidade da Califórnia analisaram exames de ressonância magnética funcional (fMRI) feitos antes da cirurgia em 120 pessoas com Parkinson.

O objetivo era simples: ver se os padrões de conexão entre diferentes áreas do cérebro podiam prever quanto cada paciente iria reduzir de remédio após a DBS.

E o resultado foi animador:

  • Quando olhavam só os dados clínicos (idade, resposta à levodopa, local do implante), os médicos conseguiam prever muito pouco.
  • Mas quando incluíram a fMRI, a previsão ficou bem mais precisa.

Ou seja: o cérebro já mostra, antes da cirurgia, pistas de como cada paciente vai responder.

O que isso significa na prática

Os exames mostraram que algumas “pontes” entre o córtex, os gânglios da base e o cerebelo são fundamentais para o sucesso da cirurgia.

Se essas conexões estão fortes, a chance de reduzir a medicação depois da DBS é maior.

No futuro, isso pode ajudar a:

  • Selecionar melhor os candidatos para a cirurgia.
  • Definir expectativas realistas: quem vai reduzir muito a medicação e quem vai precisar continuar usando doses mais altas.
  • Personalizar o tratamento, tornando a DBS ainda mais segura e eficaz.

O que você precisa saber

  • A DBS continua sendo uma opção importante para quem tem flutuações motoras difíceis de controlar com remédios.
  • Esse estudo não muda a prática de hoje, mas aponta um caminho promissor para que médicos possam prever resultados de forma mais individualizada.
  • A boa notícia é que a tecnologia usada (ressonância funcional) já está disponível em muitos hospitais, o que aumenta a chance de aplicação futura.

Conclusão

Se você ou alguém próximo está avaliando a cirurgia de DBS, saiba que a ciência está avançando para tornar esse processo cada vez mais personalizado e preciso.

O futuro é de tratamentos sob medida, guiados não só pelos sintomas, mas também pelas conexões únicas do cérebro de cada pessoa.


Referências

  1. Mikhael D, Deutsch S, Mehta J, et al. Preoperative Functional Connectivity Predicts Antiparkinson Drug Change after Deep Brain Stimulation. Movement Disorders. 2025. doi:10.1002/mds.70063
  2. Hariz M, Blomstedt P. Deep brain stimulation for Parkinson’s disease. J Intern Med. 2022;292(6):764–778.
  3. Lozano AM, Lipsman N, Bergman H, et al. Deep brain stimulation: current challenges and future directions. Nat Rev Neurol. 2019;15:148–160.