16 de maio de 2025

Distonia: entenda esse distúrbio que afeta os movimentos

Você já ouviu falar em distonia? Talvez não pelo nome, mas se já viu alguém com movimentos involuntários, posturas anormais ou espasmos musculares que atrapalham o dia a dia, pode estar diante desse problema neurológico.

A seguir, explicamos de forma clara o que é, como se manifesta e quais são os tratamentos para a distonia.

O que é distonia?

Distonia é um distúrbio do movimento. A pessoa com distonia tem movimentos involuntários, posturas anormais e repetitivas, que podem afetar qualquer parte do corpo: pescoço, olhos, mãos, voz, pernas, etc.

Esses movimentos podem ser:

  • Contínuos ou em espasmos (tipo “trancos”);
  • Pioram com o movimento voluntário, ou seja, ao tentar escrever, falar, tocar um instrumento, etc.;
  • Muitas vezes são aliviados por truques sensoriais, como tocar levemente o rosto ou encostar o dedo no queixo.

Quem pode ter?

A distonia pode surgir:

  • Na infância, geralmente com causas genéticas;
  • Na vida adulta, mais frequentemente em forma localizada (como distonia cervical – pescoço torto involuntariamente);
  • Pode ser isolada ou aparecer junto com outros sintomas, como tremores, rigidez ou dificuldades cognitivas.

Quais partes do corpo podem ser afetadas?

A distonia pode ser:

  • Focal: afeta uma região (ex: apenas os olhos ou o pescoço).
  • Segmentar: atinge regiões vizinhas (ex: pescoço e ombro).
  • Generalizada: afeta várias partes do corpo.
  • Hemidistonia: atinge apenas um lado do corpo.

Exemplos:

  • Blefaroespasmo: fechamento involuntário dos olhos.
  • Distonia cervical: torcicolo involuntário.
  • Disfonia espasmódica: voz “presa” ou trêmula.
  • Distonia de tarefa específica: como caligrafia (tremor só ao escrever).

O que causa a distonia?

As causas podem ser:

  • Genéticas: alterações nos genes que controlam o funcionamento dos neurônios.
  • Adquiridas: por uso de medicamentos (como neurolépticos), traumas, AVC, infecções ou intoxicações.
  • Funcional (psicogênica): alterações sem uma lesão detectável, geralmente associadas a questões emocionais.

Muitas vezes, a causa não é encontrada — nesses casos, chamamos de idiopática.

Como é feito o diagnóstico?

É clínico, feito por neurologistas especializados em distúrbios do movimento. Os passos incluem:

  • História detalhada e exame físico
  • Classificação conforme idade, parte do corpo afetada e tipo de distonia
  • Exames de imagem ou genéticos, quando necessário

Existe tratamento?

Sim! E ele varia conforme o tipo e gravidade:

1. Medicamentos

  • Anticolinérgicos, benzodiazepínicos e relaxantes musculares podem ajudar.
  • Levodopa em casos específicos (ex: distonia responsiva à dopamina).

2. Toxina botulínica (Botox)

  • Excelente para distonias focais, como cervical ou blefaroespasmo.
  • Atua diretamente no músculo afetado.

3. Estimulação cerebral profunda (DBS)

  • Para casos graves e refratários, especialmente distonia generalizada.
  • Implanta-se um eletrodo no cérebro para controlar os movimentos.

4. Fisioterapia e reabilitação

  • Melhoram o controle motor e a qualidade de vida.

Dica bônus: “truques sensoriais”

Algumas pessoas descobrem que tocar levemente uma parte do corpo alivia a distonia momentaneamente. Isso se chama geste antagoniste ou “truque sensorial” — um sinal típico da distonia!


✔️ Conclusão

A distonia é mais comum do que parece e, apesar de não ter cura, tem tratamento eficaz. Quanto mais cedo for identificada, melhor o controle dos sintomas e a qualidade de vida da pessoa.

Se você ou alguém da família apresenta movimentos ou posturas involuntárias, procure um neurologista. O diagnóstico correto faz toda a diferença!

📎 Fonte científica: Albanese et al., 2025. “Definition and Classification of Dystonia” – Movement Disorders