Você já ouviu falar em distonia? Talvez não pelo nome, mas se já viu alguém com movimentos involuntários, posturas anormais ou espasmos musculares que atrapalham o dia a dia, pode estar diante desse problema neurológico.
A seguir, explicamos de forma clara o que é, como se manifesta e quais são os tratamentos para a distonia.
O que é distonia?
Distonia é um distúrbio do movimento. A pessoa com distonia tem movimentos involuntários, posturas anormais e repetitivas, que podem afetar qualquer parte do corpo: pescoço, olhos, mãos, voz, pernas, etc.
Esses movimentos podem ser:
- Contínuos ou em espasmos (tipo “trancos”);
- Pioram com o movimento voluntário, ou seja, ao tentar escrever, falar, tocar um instrumento, etc.;
- Muitas vezes são aliviados por truques sensoriais, como tocar levemente o rosto ou encostar o dedo no queixo.
Quem pode ter?
A distonia pode surgir:
- Na infância, geralmente com causas genéticas;
- Na vida adulta, mais frequentemente em forma localizada (como distonia cervical – pescoço torto involuntariamente);
- Pode ser isolada ou aparecer junto com outros sintomas, como tremores, rigidez ou dificuldades cognitivas.
Quais partes do corpo podem ser afetadas?
A distonia pode ser:
- Focal: afeta uma região (ex: apenas os olhos ou o pescoço).
- Segmentar: atinge regiões vizinhas (ex: pescoço e ombro).
- Generalizada: afeta várias partes do corpo.
- Hemidistonia: atinge apenas um lado do corpo.
Exemplos:
- Blefaroespasmo: fechamento involuntário dos olhos.
- Distonia cervical: torcicolo involuntário.
- Disfonia espasmódica: voz “presa” ou trêmula.
- Distonia de tarefa específica: como caligrafia (tremor só ao escrever).
O que causa a distonia?
As causas podem ser:
- Genéticas: alterações nos genes que controlam o funcionamento dos neurônios.
- Adquiridas: por uso de medicamentos (como neurolépticos), traumas, AVC, infecções ou intoxicações.
- Funcional (psicogênica): alterações sem uma lesão detectável, geralmente associadas a questões emocionais.
Muitas vezes, a causa não é encontrada — nesses casos, chamamos de idiopática.
Como é feito o diagnóstico?
É clínico, feito por neurologistas especializados em distúrbios do movimento. Os passos incluem:
- História detalhada e exame físico
- Classificação conforme idade, parte do corpo afetada e tipo de distonia
- Exames de imagem ou genéticos, quando necessário
Existe tratamento?
Sim! E ele varia conforme o tipo e gravidade:
1. Medicamentos
- Anticolinérgicos, benzodiazepínicos e relaxantes musculares podem ajudar.
- Levodopa em casos específicos (ex: distonia responsiva à dopamina).
2. Toxina botulínica (Botox)
- Excelente para distonias focais, como cervical ou blefaroespasmo.
- Atua diretamente no músculo afetado.
3. Estimulação cerebral profunda (DBS)
- Para casos graves e refratários, especialmente distonia generalizada.
- Implanta-se um eletrodo no cérebro para controlar os movimentos.
4. Fisioterapia e reabilitação
- Melhoram o controle motor e a qualidade de vida.
Dica bônus: “truques sensoriais”
Algumas pessoas descobrem que tocar levemente uma parte do corpo alivia a distonia momentaneamente. Isso se chama geste antagoniste ou “truque sensorial” — um sinal típico da distonia!
✔️ Conclusão
A distonia é mais comum do que parece e, apesar de não ter cura, tem tratamento eficaz. Quanto mais cedo for identificada, melhor o controle dos sintomas e a qualidade de vida da pessoa.
Se você ou alguém da família apresenta movimentos ou posturas involuntárias, procure um neurologista. O diagnóstico correto faz toda a diferença!
📎 Fonte científica: Albanese et al., 2025. “Definition and Classification of Dystonia” – Movement Disorders