Muita gente com Parkinson sente que o sono já não é o mesmo. Dorme mal, acorda várias vezes, fica cansada durante o dia e tem dificuldade de manter o ritmo. Mas um estudo recente mostrou algo animador: a cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda (DBS) pode ajudar — e de formas diferentes para cada pessoa.
Neste texto, você vai entender o que melhora, o que não melhora e por quê, de um jeito claro e direto.
Por que o sono piora no Parkinson?
O Parkinson mexe não só com o movimento, mas com várias áreas do cérebro que controlam:
- o início do sono
- a manutenção do sono
- o nível de alerta durante o dia
Além disso, sintomas como tremor, rigidez, dor e vontade de urinar durante a noite atrapalham bastante.
O resultado? Noite ruim → Dia cansado.
O que a DBS pode ajudar
O estudo acompanhou pessoas com Parkinson antes e depois da cirurgia e comparou com outros dois grupos (pessoas sem Parkinson e pessoas com Parkinson que não fizeram a cirurgia).
O que eles observaram?
1. Menos sonolência durante o dia
As pessoas que fizeram DBS ficaram menos sonolentas ao longo do dia.
Isso significa menos cochilos forçados, mais energia para as tarefas e mais clareza mental.
Essa melhora apareceu depois de alguns meses e foi uma das mais consistentes do estudo.
2. Melhor noites nos primeiros meses
Nos primeiros 6 meses após a cirurgia, muitos participantes:
- dormiam mais tempo
- ficavam mais tempo na cama
- tinham noites mais contínuas
Isso não significa dormir perfeitamente, mas sim menos interrupções e menos “sono picado”.
3. O benefício pode não durar para sempre
Depois de um ano, parte dessas melhorias começou a diminuir.
E isso tem explicação: o Parkinson evolui com o tempo, e outros fatores voltam a atrapalhar o sono, como dor, noctúria, ansiedade ou mudanças na medicação.
O que a DBS NÃO faz
1. Não “acerta” o relógio biológico
Muita gente imagina que o Parkinson “desregula o relógio interno”, e isso é verdade.
Mas a DBS não corrige esse relógio.
O estudo mediu substâncias do sangue que mostram o ritmo biológico do corpo, e elas não mudaram depois da cirurgia.
2. Não resolve todos os problemas do sono
DBS pode ajudar bastante, mas:
- ainda pode haver insônia
- pode continuar havendo vontade de urinar à noite
- sintomas emocionais (ansiedade, depressão) também influenciam o sono
Por isso, a cirurgia é uma parte do cuidado — não a solução completa.
O que ajuda no dia a dia
Mesmo depois da DBS, algumas atitudes fazem diferença:
- manter horários regulares para dormir
- evitar telas perto da hora de deitar
- ajustar medicações com o neurologista
- controlar dor, ansiedade e noctúria
Pequenos ajustes podem manter os ganhos por mais tempo.
Conclusão
A DBS não é apenas um tratamento para melhorar o movimento. Ela também pode ajudar o sono e diminuir a sonolência diurna — e isso impacta muito a qualidade de vida.
Os benefícios podem variar e não são permanentes, mas já representam um passo importante para noites mais tranquilas e dias mais produtivos.
Se você ou alguém da sua família está avaliando a cirurgia, conversar com o neurologista sobre o sono pode ser um ótimo começo.
Referência:
Steinhardt J, et al. The Impact of Deep Brain Stimulation of the Subthalamic Nucleus on Sleep–Wake Function and Circadian Rhythms in Parkinson’s Disease. Movement Disorders Clinical Practice, 2025.