2 de dezembro de 2025

DBS e Sono na Doença de Parkinson: o que realmente melhora?

Muita gente com Parkinson sente que o sono já não é o mesmo. Dorme mal, acorda várias vezes, fica cansada durante o dia e tem dificuldade de manter o ritmo. Mas um estudo recente mostrou algo animador: a cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda (DBS) pode ajudar — e de formas diferentes para cada pessoa.

Neste texto, você vai entender o que melhora, o que não melhora e por quê, de um jeito claro e direto.

Por que o sono piora no Parkinson?

O Parkinson mexe não só com o movimento, mas com várias áreas do cérebro que controlam:

  • o início do sono
  • a manutenção do sono
  • o nível de alerta durante o dia

Além disso, sintomas como tremor, rigidez, dor e vontade de urinar durante a noite atrapalham bastante.

O resultado? Noite ruim → Dia cansado.

O que a DBS pode ajudar

O estudo acompanhou pessoas com Parkinson antes e depois da cirurgia e comparou com outros dois grupos (pessoas sem Parkinson e pessoas com Parkinson que não fizeram a cirurgia).

O que eles observaram?

1. Menos sonolência durante o dia

As pessoas que fizeram DBS ficaram menos sonolentas ao longo do dia.

Isso significa menos cochilos forçados, mais energia para as tarefas e mais clareza mental.

Essa melhora apareceu depois de alguns meses e foi uma das mais consistentes do estudo.

2. Melhor noites nos primeiros meses

Nos primeiros 6 meses após a cirurgia, muitos participantes:

  • dormiam mais tempo
  • ficavam mais tempo na cama
  • tinham noites mais contínuas

Isso não significa dormir perfeitamente, mas sim menos interrupções e menos “sono picado”.

3. O benefício pode não durar para sempre

Depois de um ano, parte dessas melhorias começou a diminuir.

E isso tem explicação: o Parkinson evolui com o tempo, e outros fatores voltam a atrapalhar o sono, como dor, noctúria, ansiedade ou mudanças na medicação.

O que a DBS NÃO faz

1. Não “acerta” o relógio biológico

Muita gente imagina que o Parkinson “desregula o relógio interno”, e isso é verdade.

Mas a DBS não corrige esse relógio.

O estudo mediu substâncias do sangue que mostram o ritmo biológico do corpo, e elas não mudaram depois da cirurgia.

2. Não resolve todos os problemas do sono

DBS pode ajudar bastante, mas:

  • ainda pode haver insônia
  • pode continuar havendo vontade de urinar à noite
  • sintomas emocionais (ansiedade, depressão) também influenciam o sono

Por isso, a cirurgia é uma parte do cuidado — não a solução completa.

O que ajuda no dia a dia

Mesmo depois da DBS, algumas atitudes fazem diferença:

  • manter horários regulares para dormir
  • evitar telas perto da hora de deitar
  • ajustar medicações com o neurologista
  • controlar dor, ansiedade e noctúria

Pequenos ajustes podem manter os ganhos por mais tempo.


Conclusão

A DBS não é apenas um tratamento para melhorar o movimento. Ela também pode ajudar o sono e diminuir a sonolência diurna — e isso impacta muito a qualidade de vida.

Os benefícios podem variar e não são permanentes, mas já representam um passo importante para noites mais tranquilas e dias mais produtivos.

Se você ou alguém da sua família está avaliando a cirurgia, conversar com o neurologista sobre o sono pode ser um ótimo começo.


Referência:

Steinhardt J, et al. The Impact of Deep Brain Stimulation of the Subthalamic Nucleus on Sleep–Wake Function and Circadian Rhythms in Parkinson’s Disease. Movement Disorders Clinical Practice, 2025.