Introdução
A cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS) já é bem conhecida por ajudar pessoas com Parkinson a controlar os sintomas motores quando os remédios não funcionam tão bem. Mas até hoje existe uma grande dúvida: por que alguns pacientes conseguem reduzir bastante a medicação depois da cirurgia, enquanto outros precisam continuar quase com a mesma dose?
Um estudo recente traz uma pista importante — e pode mudar a forma como médicos planejam essa cirurgia no futuro.
O que os pesquisadores descobriram
Pesquisadores da Universidade da Califórnia analisaram exames de ressonância magnética funcional (fMRI) feitos antes da cirurgia em 120 pessoas com Parkinson.
O objetivo era simples: ver se os padrões de conexão entre diferentes áreas do cérebro podiam prever quanto cada paciente iria reduzir de remédio após a DBS.
E o resultado foi animador:
- Quando olhavam só os dados clínicos (idade, resposta à levodopa, local do implante), os médicos conseguiam prever muito pouco.
- Mas quando incluíram a fMRI, a previsão ficou bem mais precisa.
Ou seja: o cérebro já mostra, antes da cirurgia, pistas de como cada paciente vai responder.
O que isso significa na prática
Os exames mostraram que algumas “pontes” entre o córtex, os gânglios da base e o cerebelo são fundamentais para o sucesso da cirurgia.
Se essas conexões estão fortes, a chance de reduzir a medicação depois da DBS é maior.
No futuro, isso pode ajudar a:
- Selecionar melhor os candidatos para a cirurgia.
- Definir expectativas realistas: quem vai reduzir muito a medicação e quem vai precisar continuar usando doses mais altas.
- Personalizar o tratamento, tornando a DBS ainda mais segura e eficaz.
O que você precisa saber
- A DBS continua sendo uma opção importante para quem tem flutuações motoras difíceis de controlar com remédios.
- Esse estudo não muda a prática de hoje, mas aponta um caminho promissor para que médicos possam prever resultados de forma mais individualizada.
- A boa notícia é que a tecnologia usada (ressonância funcional) já está disponível em muitos hospitais, o que aumenta a chance de aplicação futura.
Conclusão
Se você ou alguém próximo está avaliando a cirurgia de DBS, saiba que a ciência está avançando para tornar esse processo cada vez mais personalizado e preciso.
O futuro é de tratamentos sob medida, guiados não só pelos sintomas, mas também pelas conexões únicas do cérebro de cada pessoa.
Referências
- Mikhael D, Deutsch S, Mehta J, et al. Preoperative Functional Connectivity Predicts Antiparkinson Drug Change after Deep Brain Stimulation. Movement Disorders. 2025. doi:10.1002/mds.70063
- Hariz M, Blomstedt P. Deep brain stimulation for Parkinson’s disease. J Intern Med. 2022;292(6):764–778.
- Lozano AM, Lipsman N, Bergman H, et al. Deep brain stimulation: current challenges and future directions. Nat Rev Neurol. 2019;15:148–160.